quinta-feira, 1 de maio de 2008


VIRTUAL INSANITY

Fulana foi ontem no show de Ciclano, e já hoje, publicou as memórias recentes em seu perfil na net. Um sujeito tava de ressaca no domingo, e não hesitou em postar seu momento hangover no mesmo dia. Outra garota que estava com muita fome, segurou o apetite um pouco mais para posicionar sua câmera e pegar um bom enquadramento enquanto comia.

A tendência “Big Brother” pegou. Na aquisição de uma câmera digital mais o acesso a Internet, você pode ter seu próprio reality show.
A difusão de sites de relacionamento, assim como o surgimento de álbuns, e também diários virtuais na rede, contribuiu para um verdadeiro culto à imagem de si mesmo.
A juventude está em exposição. Eu, tu, eles e elas, todos nós, jovens de idade ou de pensamento - atualizados e adeptos à tecnologia da informação – parecemos produtos prontos para o consumo.
O que acontece hoje é uma verdadeira invenção de si mesmo através de postagens na net. Criamos – literalmente – perfis, que na maioria das vezes são constituídos basicamente de fotos e slogans sobre nós mesmos.
A necessidade de registrar toda e qualquer situação, para mais tarde expor aquelas mais fotogênicas, demonstra também, o desejo de reforçar um estilo de vida idealizado.
É o “second life”, a superficialidade superando o conteúdo e a verdade.
Andy Wharol não estava errado...
Alguns têm tirado proveito disso, como artistas e fotógrafos, antes no anonimato e que através de seus Fotologs, por exemplo, encontraram seu público e reconhecimento. Músicos independentes que se tornaram mundialmente admirados através do Myspace.
Escritores e jornalistas que podem expor suas idéias em seus Blogs.
Nada é puramente negativo ou positivo nessa vida.
Mas a excessiva preocupação em registrar e se mostrar a quem quer seja, sem nenhuma finalidade construtiva, pode envolver um processo de auto-ilusão do sujeito e negação se si mesmo.

“A grande promessa da fotografia era contar a “verdade”. No entanto, a “verdade” da fotografia é apenas uma ilusão mais convincente, a seleção e o artifício, escondidos atrás da aparente imparcialidade do mecânico”. Elizabeth Wilson, 1985

Muitas fotos publicadas abertamente na Internet, lembram algumas novelas brasileiras, nas quais a moça bonitona acorda de batom e máscara para os cílios.
Será que os momentos presentes não estão sendo trocados por produções fotográficas e arquivos on-line? Tem gente que mais fotografa o que está fazendo, que realmente faz. E ainda preocupa-se mais com sua aparência, e menos com a vivência do momento.
Ficar à vontade sem questionar sua fotogenia, em momentos únicos e particulares pode ser mais gratificante. Esquecer a câmera em casa e ir às festas de vez em quando, pode lhe garantir uma grande e despretensiosa diversão.

4 comentários:

Lud Massarotto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lud Massarotto disse...

Adorei Gabis! assino embaixo! confesso que tenho uma tara por fotos, registrar momentos e encontros... adoro relembrar fatos e ocasiões através das imagens e por isso alimento um flickr cuja maior visitadora sou eu mesma! hahaha! A foto é um recorte, um congelamento, um retrato da realidade, uma criação ou apenas uma ilusão. O fato é que é um recurso precioso e a questão que se coloca é "como" fazer uso desse.

inna::augusta::style disse...

olha nóis aqui

Pat disse...

Viciei em me exibir na internet.
Não por foto, e isso talvez tenha muito mais de egocentria do que o contrário.
Mas qualquer bobeira que faz o tico ligar com o teco me dá vontade de escrever e jogar no mundo.
Muitas vezes tenho crises semelhantes ao que me parece ter te levado ao texto. Questiono se estou mostrando mais do que vivendo, se quem vive de verdade tem tempo para ficar fazendo "diário" eletrônico...
Mas, como disse no início, viciei.