quarta-feira, 7 de maio de 2008




I USE THE BLICKS <<

abertura da exposição amanhã, dia 08/05 (para os amigos) e dia 10/05 para everybody << Na galeria Choque Cultural

>> veja mais no site www.choquecultural.com.br



>> montagem da exposição I USE THE BLICKS de Ramon Martins na Choque Cultural <<

quinta-feira, 1 de maio de 2008


VIRTUAL INSANITY

Fulana foi ontem no show de Ciclano, e já hoje, publicou as memórias recentes em seu perfil na net. Um sujeito tava de ressaca no domingo, e não hesitou em postar seu momento hangover no mesmo dia. Outra garota que estava com muita fome, segurou o apetite um pouco mais para posicionar sua câmera e pegar um bom enquadramento enquanto comia.

A tendência “Big Brother” pegou. Na aquisição de uma câmera digital mais o acesso a Internet, você pode ter seu próprio reality show.
A difusão de sites de relacionamento, assim como o surgimento de álbuns, e também diários virtuais na rede, contribuiu para um verdadeiro culto à imagem de si mesmo.
A juventude está em exposição. Eu, tu, eles e elas, todos nós, jovens de idade ou de pensamento - atualizados e adeptos à tecnologia da informação – parecemos produtos prontos para o consumo.
O que acontece hoje é uma verdadeira invenção de si mesmo através de postagens na net. Criamos – literalmente – perfis, que na maioria das vezes são constituídos basicamente de fotos e slogans sobre nós mesmos.
A necessidade de registrar toda e qualquer situação, para mais tarde expor aquelas mais fotogênicas, demonstra também, o desejo de reforçar um estilo de vida idealizado.
É o “second life”, a superficialidade superando o conteúdo e a verdade.
Andy Wharol não estava errado...
Alguns têm tirado proveito disso, como artistas e fotógrafos, antes no anonimato e que através de seus Fotologs, por exemplo, encontraram seu público e reconhecimento. Músicos independentes que se tornaram mundialmente admirados através do Myspace.
Escritores e jornalistas que podem expor suas idéias em seus Blogs.
Nada é puramente negativo ou positivo nessa vida.
Mas a excessiva preocupação em registrar e se mostrar a quem quer seja, sem nenhuma finalidade construtiva, pode envolver um processo de auto-ilusão do sujeito e negação se si mesmo.

“A grande promessa da fotografia era contar a “verdade”. No entanto, a “verdade” da fotografia é apenas uma ilusão mais convincente, a seleção e o artifício, escondidos atrás da aparente imparcialidade do mecânico”. Elizabeth Wilson, 1985

Muitas fotos publicadas abertamente na Internet, lembram algumas novelas brasileiras, nas quais a moça bonitona acorda de batom e máscara para os cílios.
Será que os momentos presentes não estão sendo trocados por produções fotográficas e arquivos on-line? Tem gente que mais fotografa o que está fazendo, que realmente faz. E ainda preocupa-se mais com sua aparência, e menos com a vivência do momento.
Ficar à vontade sem questionar sua fotogenia, em momentos únicos e particulares pode ser mais gratificante. Esquecer a câmera em casa e ir às festas de vez em quando, pode lhe garantir uma grande e despretensiosa diversão.